quinta-feira, 19 de junho de 2008

Réplica da casa onde nasceu e viveu o cangaceiro Lampião


LAMPIÃO (6)
Réplica da casa onde nasceu e viveu o cangaceiro Lampião, no Sítio Passagem das Pedras, a 42km de Serra Talhada, em Pernambuco (Foto: Antônio Vicelmo)

Serra Talhada (PE) se rende à Lampião e promove evento para resgatar a memória de seu filho ilustre

Serra Talha. Amado e odiado com igual intensidade, a imagem de Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, continua viva no imaginário popular. Sua influência nas artes — música, pintura, literatura e cinema — é expressiva. O cineasta cearense Wolney Oliveira está fazendo o filme “Lampião, o Governador do Sertão”, com depoimentos dos últimos remanescentes do cangaço. De amanhã a domingo, acontecerá em Serra Talhada (PE), o VI Encontro Nordestino de Xaxado, promovido pela Fundação Cultural Cabras de Lampião.

O evento fará alusão aos 70 anos da morte do cangaceiro. Reunirá grupos de historiadores, pesquisadores, turistas e curiosos de todo Brasil para apreciar a cultura e a história do homem do sertão, assim como avaliar a influência do cangaço na cultura popular. Também constará da programação uma mesa-redonda sobre o “Lampião: a morte e o mito”.

Os cangaceiros eram bandos armados, que atuavam no sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e chegavam a seqüestrar fazendeiros para obtenção de resgates. Aqueles que respeitavam e acatavam as ordens dos cangaceiros não sofriam, pelo contrário, eram muitas vezes ajudados. Esta atitude fez com que eles fossem respeitados e até mesmo admirados por parte da população da época.

Símbolo

O símbolo maior deste fenômeno foi Virgulino Lampião, que nasceu na cidade de Serra Talhada, antiga Vila Bela. A música “Lampião falou”, de Luiz Gonzaga, descrevendo a morte de Virgulino diz: “O criminoso era eu e os santinhos me mataram/ o Lampião se apagou/ outros Lampiões ficaram”. Segundo a letra da música, “o cangaço continua de gravata e jaquetão/ sem usar chapéu de couro/ de bacamarte na mão”. Gonzaga deixou a advertência de que enquanto houver fome e injustiça, a alma de Lampião permanecerá no Nordeste, abrindo espaço para a sobrevivência.

Em maio, a cidade de Serra Talhada abriu a programação comemorativa dos aniversários de vida e morte do seu filho famoso com a apresentação do Grupo de Xaxado “Cabras de Lampião”, que estenderá suas apresentações a outras cidades do Vale do Pajeú.

Está sendo lançado também a “Rota do Cangaço”, que abrangerá os municípios de Serra Talhada, Belmonte, São José do Egito, Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde.No VI Encontro Nordestino de Xaxado, a programação será aberta com o desfile dos grupos de xaxado e bandas marciais das Escolas Estaduais Cornélio Soares e Irnero Ignácio. Durante três dias serão promovidos debates, palestras, exibições de filmes e representações teatrais de todos os Estados do Nordeste. Entre os palestrantes, o médico cratense Magérbio Lucena, autor do livro “Lampião e o Estado Maior do Cangaço.”

O Diário do Nordeste foi até o Sítio Passagem das Pedras, a 42km de Serra Talhada para mostrar a localidade onde nasceu e viveu o principal protagonista do cangaço, um fenômeno social que varreu o Nordeste no início do século.

O acesso é feito pela estrada asfaltada que liga Serra Talhada a Floresta. No percurso, a barragem do Pajeú, riacho que serviu de caminho para Lampião nas suas andanças pelo Nordeste. Depois de rodar 40 quilômetros, o visitante enfrenta uma estrada de terra, cheia de buracos e emoções, a começar pelo nome. “Estrada Zé Saturnino”, numa homenagem ao principal inimigo de Lampião, acusado de ter mandado matar o pai de Virgulino.

Inveja, discordância política, ignorância e um suposto roubo de animal foram o estopim para que as duas famílias, que antes até filhos apadrinhados tinham, enveredassem numa guerra de vinganças que transformou o sertão do início da década de 20 em praça de guerra. (...)

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